Um semestre difícil para a gestão hospitalar: entenda em detalhes

A gestão hospitalar passou por um semestre difícil no 2020, consequência da crise causada pelo novo coronavírus. A Covid-19 afetou pacientes, a empregabilidade no setor da saúde e as finanças dos hospitais.
Com o aumento dos casos da doença, a recomendação dos órgãos de saúde – Ministério da Saúde, Organização Mundial de Saúde (OMS) e Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) – foi que os hospitais realizassem a suspensão de procedimentos, cirurgias e exames eletivos. Em função disso, houve queda de 26,3% no total de internações nos hospitais, comparando os meses de janeiro a junho de 2020 com o mesmo período de 2019, segundo dados compilados pela Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp).
Também houve diminuição das internações relacionadas a doenças crônicas e do aparelho circulatório e nervoso – na qual estão classificados os cânceres e as doenças como infarto, acidente vascular cerebral e insuficiência cardíaca, dentre outras de tratamento contínuo – de 27,3%, 31,6% e 34,9%, respectivamente.
Gestão hospitalar viu aumento dos custos e diminuição da receita
Desde abril, no entanto, o setor começou a ver uma retomada gradativa da procura por serviços hospitalares não relacionados à Covid-19, o que dá uma perspectiva um pouco mais otimista para os profissionais que atuam na gestão hospitalar.
De qualquer forma, no primeiro semestre de 2020, os hospitais da Anahp registraram queda de 60% no resultado operacional na comparação com o mesmo período de 2019. Em paralelo, houve aumento no custo dos insumos hospitalares em cerca de 300%, bem como incremento no consumo de equipamentos de proteção individual (EPIs) em mais de 200%.
Em alguns casos, segundo a Anahp, as despesas dos hospitais chegaram a ultrapassar as receitas, um grande desafio para o setor.
A geração de empregos também foi afetada. Entre os hospitais da Anahp, a taxa de admissões, que vinha subindo nos últimos anos em decorrência da melhora no mercado de trabalho, caiu 20%, passando de 2% de janeiro a junho do ano passado para 1,6% no mesmo período de 2020.
Além de tudo isso, preocupa o setor a proposta da reforma tributária, que está em discussão no Congresso Nacional e, se aprovada como está, vai aumentar ainda mais os custos das empresas de saúde.
Para a Anahp, a atual crise econômica pode levar a suspensão de investimentos em pesquisa, tecnologia, infraestrutura e contratações por parte dos hospitais.
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